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Uma Mesma Memória, Uma Mesma Emoção

Por Marcio Luis Ferreira Nascimento

Uma Mesma Memória, Uma Mesma Emoção

Ao contar uma mesma estória, ou mesmo história, a diversas pessoas, o ser humano tende a se comportar quase sempre da mesma forma. Esta é uma conclusão científica, vinculada às memórias.

 

Uma pesquisa multidisciplinar, envolvendo médicos, engenheiros, cientistas da computação e psicólogos ses, ingleses e americanos, publicado na prestigiada Cell Reports mostrou que ouvir uma mesma narrativa pode fazer com que batimentos cardíacos aumentem e diminuam em uníssono. Isto foi notado através de observações similares de diversos eletrocardiogramas sob mesmas situações.

 

O coração não é apenas mais um órgão. Sua relevância chegou ao ponto de os antigos acreditarem ser erroneamente fonte da inteligência. Daí surgiu o verbo decorar, que significa simplesmente saber de cor, com o coração. Certamente, este foi apenas mais um engano do órgão a pulsar o peito de qualquer um, embora o grande escritor francês Valentin Louis Georges Eugène Marcel Proust (1871 - 1922) tenha dito certa vez que “coração não mente”. O grande cantor e compositor brasileiro José Ribamar Coelho Santos (n. 1966), mais conhecido por Zeca Baleiro, disse exatamente o mesmo na bela canção “Felicidade Pode Ser Qualquer Coisa” (2012).

 

Filósofos como o francês Rene Descartes (1596 - 1650) souberam distinguir a fonte racional da emoção, ao propor um belo trabalho publicado postumamente denominado “O Homem” (1662). Não à toa, Descartes é considerado o pai do moderno método científico, de certa forma devido a sua formação de matemático e físico de primeira grandeza, e grande conhecedor da alma humana.

 

Em física, comportamentos similares a estes, quando vários corações batem em uníssono, podem ser reconhecidos como ressonância. Para entender do que se trata, basta apenas apreciar a bela sinfonia de centenas, ou mesmo milhares de cigarras, sempre ao final da tarde de qualquer glorioso verão. Este som estridente, característico dos machos, visando acasalamento ou mesmo assustar predadores, é produzido por pares de membranas situados na base do abdômen destes incríveis insetos, chamados timbales.

 

Por sinal, no maior carnaval de rua do mundo, ou ainda nas grandes festas juninas, ambas originárias da Bahia, a ressonância se faz presente nas multidões que cantam suas alegrias e reverberam indignações em coreografias, danças, cores e amores. Os artistas desta terra são mestres em tirar os pés do chão do folião, ou simplesmente arrastarem os pés para cá e para lá, e não apenas orquestrar milhares de vozes em uníssono – corações e mentes juntos, irmanados, ainda que por breves momentos. Não seriam as composições momescas e mesmo juninas senão belas narrativas que prendem a atenção de quem as ouve? Não será por isto que amamos nossos artistas? Por sintonizarem desejos, ressoando aquilo que nos une?

 

Não à toa, os primeiros estudos de ressonância são creditados ao filósofo e matemático Pitágoras de Samos (c. 570 – c. 495 a.C.). No entanto, uma melhor compressão somente ocorreu após os trabalhos do físico e filósofo italiano Galileu di Vincenzo Bonaulti de Galilei (1564 - 1642), ao estudar pêndulos em 1602.

 

A pesquisa mostrou algo bastante conhecido e vivenciado por grandes artistas, pois conseguem estimular as pessoas não somente a cantarem, rirem ou chorarem em uníssono. Com maestria, suas artes sincronizam batimentos cardíacos e pulsações, além da respiração. Desta forma, as batidas do coração não são aleatórias ao ouvir uma música, ao apreciar uma apresentação teatral, uma cena de cinema, ou ao ouvir ou ler uma fábula.

 

Há uma clara conexão entre o cérebro e o coração pois, ao ouvir um mesmo conto, narrativa, resenha, crônica, caso ou episódio, batimentos cardíacos respondem em uníssono. Dito de outra forma, boas estórias e belas histórias direcionam a atenção do ser humano. Mesmo boas aulas de grandes docentes tornam-se memoráveis pois conseguiram atingir não apenas um objetivo prático, ou teórico, mas certamente envolveram com a emoção de diversos discentes.

 

Somente boas memórias, reais ou fantasiosas, de fato movem e transformam corações.

 

*Marcio Luis Ferreira Nascimento é professor da Escola Politécnica, Departamento de Engenharia Química da UFBA e pesquisador do SENAI-CIMATEC

 

*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias