José Carlos Araújo denuncia manobras para inviabilizar a votação do parecer sobre cassação de Eduardo Cunha - 23/11/2015

Realmente, eu não posso dizer que foi o Eduardo Cunha que teve a decisão. Mas que houve várias coisas que realmente podem levar a esse entendimento, houve. A começar pelo local, que a gente chama de Plenário Físico, para que fosse realizada a reunião. Nós pedimos com 15 dias de antecedência e até a véspera, 23h, não se tinha a previsão de um plenário para isso. A única coisa que disseram é que teria um plenário a partir das 10h, mas que tinha outra comissão reunida e que quando acabasse essa comissão, eu usaria o plenário. Ou seja, essa comissão ia demorar 1 hora, 40 minutos. Quando eu começasse a reunião do Conselho de Ética, ia ser mais ou menos o horário da sessão extraordinária que tinham convocado, e aí não podia funcionar. Tinha que acabar. Essa manobra foi feita, mas eu não posso dizer que foi o Eduardo Cunha. Tem muita gente querendo prestar serviço, pode ter sido mais um prestando serviço.
Pelo que aconteceu ontem, ficou claro que o grupo não vai se intimidar, principalmente o presidente do Conselho. Não se intimidou e não vai se intimidar depois. O que eu fiz ontem [quinta-feira] foi muito claro. Eu tranquei a sessão, fui pro plenário, fiz questão de ordem. Eles cancelaram a sessão, eu fiz outra questão de ordem e disse que aquela ordem era contra a lei e eu não poderia cumprir. Voltei para o conselho, abri a sessão de novo. Só que na minha ida para o conselho, mais de 100 deputados me acompanharam. Não só os deputados do grupo, muitos foram. E aí eu abri a sessão regimental, porque a sessão da Câmara estava em andamento e eu não quis entrar em estado de desobediência. Mas aí o Eduardo se sentiu pressionado e revogou a anulação da sessão que eu tinha feito. Quando eu vi que a discussão na Câmara continuava, eu pra não incorrer no erro que ele estava incorrendo, eu não quis manter a sessão sobreposta. Por isso, encerrei a sessão e continuei com o debate com os deputados. Com mais de 150, 200 pessoas dentro da sala, eu não podia enxotar todo mundo. Deixei de fazer a sessão ordinária do conselho, que era legal, para não criar polêmica. Como agora ele está dizendo que eu infringi, eu não infringi nada. Eu fiz a reunião na hora certa. Na hora que eu não podia fazer, eu fiz um debate, estando com os deputados lá, todos revoltados com o que estava acontecendo.
Eu marquei, já estava marcado, para terça-feira (24) às 14h30. Por precaução, eu já pedi para terça e pedi para quarta (25), há 15 dias. Para garantir que nada aconteça. Se na terça eu abrir a sessão e às 16h ele abrir algo, o que eu faço? Eu vou encerrar. Mas já tem a garantia que eu posso continuar na quarta.

Já pedimos isso em plenário. Nosso primeiro vice-presidente, Sandro Alex (PPS-PR), pediu isso. Eu já fiz ofício ao Ministro da Justiça, [José Eduardo Cardozo], pedindo proteção para ele, e na terça já foi pedida uma audiência com o Superintendente da Polícia Federal.
O processo dele está esperando correr o prazo de três sessões. Eu já mandei para a mesa numerar e protocolar, é regimental, aí eu marco a abertura e o sorteio do relator.
Essa é uma pergunta difícil para eu resolver como presidente do Conselho de Ética. Porque depois ele pode alegar que eu estou tomando partido, que eu estou contra ele, e como presidente eu prefiro abdicar de responder a essa pergunta.

Sem dúvida nenhuma. Arranha. As atitudes que nós tomamos no Conselho de Ética tenta reparar esses arranhões que estão acontecendo.
Na terça-feira eu devo abrir e ler o relatório. Provavelmente, é regimental, vão pedir vistas por dois dias. Ou seja, quarta e quinta. Eu não vou marcar sessão para sexta, porque não tem quórum. Na outra terça (1º), eu devo colocar em votação o relatório preliminar. Agora essa votação é pela issibilidade. Se deve tocar adiante a investigação ou não. Era uma decisão difícil, mas em função do ocorrido eu acho que os deputados não terão coragem de votar contra a continuidade do processo.
Isso. Porque regimentalmente essa investigação tem 90 dias. Depois do relatório preliminar, o relator vai arrolar testemunhas, ouvir testemunhas, ouvir o procurador-geral da República [Rodrigo Janot], que apresentou a denúncia, provavelmente vai pedir a bancos os extratos... Ou seja, vai pedir coisas que possam ser utilizadas como prova do que está sendo dito aí. Não vai se ater somente a recortes de jornais. Ele vai procurar produzir provas. Da mesma forma, o Eduardo Cunha vai buscar coisas que possam inviabilizar o que está sendo dito pelos jornais.