"Sou candidato de muitos colegas, mas nunca coloquei minha candidatura", diz Otto Alencar sobre comando do Senado
Mesmo com o nome de Davi Alcolumbre (União-AP) despontando para voltar ao comando do Senado em fevereiro de 2025, o senador baiano Otto Alencar (PSD) garante que tem a preferência de muitos colegas na Casa. Apesar da sinalização dos pares, o parlamentar reforça a posição de não ter se colocado como pré-candidato.
Em entrevista ao Bahia Notícias, o senador justifica que “abriu mão” de buscar maior viabilização de seu nome para que o deputado e líder do PSD na Câmara tivesse mais condições de negociar na disputa pela sucessão de Arthur Lira (PP-AL).
“Eu nunca coloquei o meu nome como candidato ao Senado porque tendo colocado o meu líder lá na Câmara que é Antonio Brito a sua candidatura, eu não coloquei meu nome como candidato, dando a ele a condição de negociação do PSD, porque dificilmente o meu partido faria as duas casas”, disse.
“Então quando o Antonio botou a candidatura dele eu nunca lancei a minha, dando exatamente a condição a ele de se for para negociar a posição dele ser o presidente lá, eu vou colaborar sem colocar a minha candidatura no Senado. Eu sou candidato de muitos colegas meus, mas nunca coloquei minha candidatura. Eu conversei com ele, conversei com o Gilberto Kassab e disse que ele tinha toda abertura da minha parte. Eu abri mão na tentativa de ajudar ele”, acrescentou.
Durante o bate-papo, Otto também comentou o resultado obtido pelo PSD nas urnas no último dia 6, com a consolidação como partido com maior número de prefeituras na Bahia.
“O nosso partido teve um apoio muito grande dos vereadores, dos prefeitos, vice-prefeitos, os nove deputados estaduais, seis federais, o Angelo Coronel, minha participação, então é um grupo, não sou eu absolutamente que consegue ter uma vitória bonita como essa de 115 prefeitos e prefeitas, e quantitativo muito grande de vereadores. Nós estamos trabalhando intensamente antes, durante e depois das eleições. Acho que esse é o segredo, trabalhar permanentemente”, avaliou.
Questionado pela reportagem sobre a derrota de seu candidato em Ruy Barbosa, sua cidade natal, o senador vê o resultado como processo normal da política e afirmou que essa não é a primeira vez que um candidato apoiado por ele sai derrotado no município. Apesar disso, fez questão de ressaltar que todas às vezes em que disputou eleições como candidato, saiu vitorioso na cidade.
“O que aconteceu lá é uma coisa normal, não é a primeira vez que eu perco a eleição lá, porque o eleitor é soberano, é livre para votar. Não induzo o que eu quero a ninguém, nem na minha cidade, onde eu nasci, nem em lugar nenhum. Encaro isso com tanta normalidade que eu não estava nem pensando nisso. Ele vota em quem ele acredita, ele acreditou no outro candidato, paciência”, disse.
EMBATE PT x PSD
Outro ponto abordado na entrevista foi o embate protagonizado pelo PSD de Otto, e o PT, partido que comanda a Bahia há 16 anos. Aliados de longas datas, os partidos protagonizaram disputas diretas em 53 cidades baianas. Mas o senador, que também é presidente estadual do PSD, garante que a rota até a eleição estadual de 2026 não terá “sequelas” políticas atreladas ao pleito deste ano.
“Não vai ficar sequela nenhuma, pelo menos comigo. Isso já aconteceu na outra eleição de 2020 e não ficou nenhuma sequela. Depois tem que sentar, conversar, ver as razões de cada um. E mensurar o que cada liderança em cada município tem de possibilidade de participação no governo. Até porque todos eles que disputaram a eleição agora ajudaram na campanha do governador Jerônimo [Rodrigues]. E na minha cabeça quem participa da campanha participa do governo. Então cada liderança dessa de cada município tem um percentual de votos que contribuiu para a eleição do governador e Jerônimo tem consciência disso e dá o espaço a cada um, todos têm espaço no governo.”, disse.
MAIS ELEIÇÃO?
ado o processo eleitoral de 2024, outros dois pleitos importantes estão no horizonte político da Bahia. Primeiro, postulantes para a União dos Prefeitos da Bahia (UPB) já são colocados. Apesar disso, Otto indicou que não deve se envolver no processo.
“Essa é uma eleição de prefeito, eles que resolvam. O Eures [Ribeiro] foi presidente, o Quinho é presidente, todos dois do PSD, não foi por meu apoio ou pelos votos que eu tenho no âmbito dos prefeitos que eles se elegeram”, disse.
Na última semana, o Bahia Notícias mostrou que mais uma vez o embate deve ficar entre o PP e o PSD, como em edições anteriores, já que as legendas tem se alternado no comando.
Durante a entrevista, Otto também afirmou que vai adotar a mesma lógica em relação à eleição da mesa diretora da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), com a perspectiva de o deputado Adolfo Menezes (PSD) buscar a reeleição pela presidência.
“Eu já disse várias vezes isso, mesma coisa na Assembleia. Você acha que eu vou induzir algum deputado a votar em Adolfo? Ele vai ter os votos, se por acaso ele tiver a simpatia, a confiança e a maioria dos seus colegas. Como eu tive, eu, por exemplo, fui presidente da Assembleia no ano 1995 até 1997, eu fui escolhido por 59 dos 63. Eu não fiz nem campanha, eu era deputado, se reuniram e disseram: tem 59 nomes pra te apoiar. [...] Se Adolfo for reeleito vai ser até fora de um conceito meu”, finalizou.