Parlamento português derruba Premiê após rejeitar moção de confiança
Por Redação
A Assembleia da República de Portugal derrubou, pela segunda vez em dois anos, o primeiro-ministro (premiê) sob acusação de deslizes éticos. Nesta terça-feira (11), Luís Montenegro foi deposto do cargo, após o Parlamento rejeitar uma moção de confiança do primeiro-ministro. O premiê era acusado de conflito de interesses envolvendo uma empresa familiar.
O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocará agora novas eleições, previstas para meados de maio. A família de Montenegro é proprietária da empresa Spinumviva, que presta serviços de consultoria, produz vinhos na região do Douro e faz negócios imobiliários. Uma das clientes da Spinumviva até pouco tempo atrás, a Solverde, é uma empresa proprietária de cassinos. O conflito de interesses se materializou porque o jogo, em Portugal, é concessão estatal —embora não haja nenhum indício de favorecimento da Solverde por parte de Montenegro.
O agora ex-ministro, ligado ao Partido Social Democrata (PSD), de centro-direita, apresentou a moção, prevendo uma negativa, para evitar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (I). Montenegro não queria ver a mulher e os filhos depondo numa I.
Segundo a Folha de S. Paulo, Montenegro deverá ser o candidato do PSD ao novo pleito de maio. No debate que precedeu a votação, o PSD disse que aceitava uma I nos moldes definidos pelo Partido Socialista, a principal legenda da oposição, desde que a comissão tivesse um prazo definido de 15 dias, para não paralisar o país.
O líder do PS, Pedro Nunes Santos, rejeitou a proposta, dizendo que "o escrutinado não pode determinar o prazo do escrutínio". A imprensa portuguesa já sugere que este seja o discurso dos dois principais candidatos na campanha eleitoral em maio: Pedro Nuno acusando Montenegro de corrupto, Montenegro acusando Pedro Nuno de querer tumultuar o país.