Na Antena 1, Jerônimo detalha entraves e avanços da ponte Salvador-Itaparica em negociação com consórcio chinês
Por Ana Clara Pires
Durante entrevista ao programa Bahia Notícias no Ar, na rádio Antena 1, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), explicou os imes, negociações e avanços no projeto da Ponte Salvador-Itaparica, uma das obras mais ambiciosas do estado.
O governador relatou que o empreendimento a por revisões contratuais e tratativas complexas com o consórcio chinês responsável pela construção, que envolvem não apenas questões técnicas e financeiras, mas também aspectos culturais e burocráticos do modelo de gestão chinês.
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Jerônimo enfatizou que o projeto da ponte “não é qualquer ponte” e que, apesar de entraves, ele segue como prioridade do governo estadual. A obra, inicialmente contratada antes da pandemia de Covid-19, foi impactada pelo aumento dos custos de insumos, da mão de obra e das taxas de juros. Esses fatores levaram à necessidade de uma reavaliação do contrato com o consórcio chinês.
Para lidar com o ime sobre os valores, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) entrou como mediador, o que, segundo o governador, foi uma medida inédita e positiva. “O TCE puxou para si a responsabilidade de mediar uma negociação que era boa para o Estado”, afirmou Jerônimo, destacando o papel do órgão como árbitro imparcial entre o governo e o consórcio.
Outro fator que influenciou o ritmo das negociações foi a troca de uma das empresas integrantes do consórcio. A saída da empresa CR20 e a entrada da CCCC (China Communications Construction Company), responsável por grandes obras, como a ponte subaquática de Macau, exigiu nova rodada de alinhamento técnico e jurídico, atrasando os trâmites.
Jerônimo também explicou que, diferentemente do Brasil, onde estados e municípios têm maior autonomia para celebrar contratos, empresas estatais chinesas dependem de autorização do governo central, o que torna o processo mais demorado. “Não é burocracia, é cultura deles”, pontuou o governador.
Jerônimo afirmou que a ponte foi apresentada pelo presidente Lula ao presidente chinês Xi Jinping, durante visita recente à China, como projeto estratégico na relação Brasil-China. Segundo ele, Xi respondeu diretamente, reafirmando o interesse e comprometimento com a obra. “Xi Jinping disse que a ponte era um projeto estratégico. Isso nos animou”, relatou o governador.
Outro ponto técnico levantado foi o resultado de sondagens subaquáticas, que identificaram áreas de solo mole sob o mar, exigindo adaptações no projeto e possíveis reajustes no contrato. Jerônimo destacou que, caso essas mudanças impliquem em mais custos, haverá diálogo para redistribuir responsabilidades, mas também se houver economia, o governo reivindicará a redução proporcional de valores.
Entre outras demandas do consórcio, Jerônimo citou pedidos paralelos, como o aumento na concessão de vistos para chineses trabalharem no Brasil, mas ressaltou que esses tópicos “não tinham a ver diretamente com o contrato da ponte”.