Conexão Baía: Os segredos submersos da Baía de Todos-os-Santos
Quanto mais eu (@mayarapadrao) acho que conheço a Baia de Todos-os-Santos, mais ela me surpreende. Como mergulhadora, cada vez que resolvo submergir, volto à superfície com um novo capítulo da história que é contada lá no fundo. E agora, para quem também se encanta com essa imensidão azul, o Guia BTS vai lançar uma série de reportagens especiais sobre os naufrágios históricos da Baía, destacando os pontos de mergulho que fazem dela um dos destinos mais incríveis do Brasil.
Com início na última sexta-feira (20), uma nova matéria será publicada semanalmente, nos levando para uma jornada através dos séculos, explorando os naufrágios que marcaram época. Conversei com José Zacarias, economista e professor universitário, que é uma das maiores referências sobre a Baía. Ele destacou o papel estratégico que a região sempre teve para as embarcações, desde os tempos das grandes navegações. “É imprescindível falar da importância desse acidente geográfico que nos beneficia. A Baía de Todos-os-Santos é a segunda maior baía do mundo e, ao longo da história, serviu como abrigo para navios que seguiam para as Índias”.
Essa relação íntima entre a Baía e o mar já trouxe diversos capítulos ao longo dos séculos, e alguns desses capítulos agora descansam nas profundezas, como verdadeiros museus submersos. Um dos naufrágios mais conhecidos é o Blackadder, afundado em 1905. Esse navio trazia carvão à Bahia, mas, por defeitos na construção, afundou durante uma tempestade, sendo empurrado para os recifes da praia de Boa Viagem. E aí, não teve jeito: hoje, ele é um dos pontos de mergulho mais fascinantes da Baía. Lembro até hoje do meu mergulho de batismo nesse navio — foi como um portal para outra era.
Outro naufrágio marcante é o do Galeão Sacramento, que afundou em 1668. Este era o navio que trazia João Corrêa da Silva, nomeado governador da Bahia, diretamente de Portugal. Infelizmente, a embarcação foi pega por ventos fortes e acabou batendo no banco de Santo Antônio. Hoje, algumas de suas peças, como os canhões de bronze, estão em museus de Salvador e até no Rio de Janeiro.
Os naufrágios da Baía não são apenas lembranças de um ado distante. Como Zacarias me contou, eles são um convite aberto para qualquer um que queira explorar suas profundezas. “Nós temos um potencial imenso para explorar nesse segmento, não só para os baianos, mas principalmente para os turistas. O mergulho em naufrágios é uma forma de conectar as pessoas à história e à biodiversidade local”, como ele disse.
E as opções são muitas, para todos os gostos e níveis de mergulhadores, desde embarcações históricas como o Blackadder e o Galeão Sacramento até o recente Rebocador Vega, que foi afundado em frente ao Iate Clube da Bahia para criar um recife artificial. Zacarias explicou que esses recifes são fundamentais para fomentar a vida marinha e, ao mesmo tempo, podem atrair mergulhadores do mundo inteiro para as explorações
O que torna a Baía ainda mais especial é a ibilidade de muitos desses pontos de mergulho. Em alguns casos, você nem precisa de um barco — é possível partir a pé da praia e já estar pronto para explorar um pedaço da nossa história submersa. É ou não é um privilégio?
Então, se você ainda não mergulhou na Baía de Todos-os-Santos, pode começar mergulhando na noda série. Mergulhar na BTS é mais do que uma experiência esportiva; é uma viagem no tempo, uma conexão direta com a história e a biodiversidade que fazem dessa região um lugar tão especial. Espero que a nossa série de reportagens inspire mais pessoas a desbravar o fundo do mar e a valorizar o que temos de mais precioso, tanto na superfície quanto nas profundezas. Para conhecer os naufrágios através da série, e guiabts.com.br, onde você encontra notícias diárias sobre a nossa Baía!
Um beijo e até a próxima!