Mila Paes avalia retração populacional em Salvador: “Redução era uma tendência para os grandes centros” - 17/07/2023
Após a divulgação do Censo de 2022, que mostrou uma retração de quase 10% na população soteropolitana, a titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Renda (Semdec), Mila Paes, avaliou as possíveis motivações para a redução acontecer na cidade de Salvador.
Em entrevista exclusiva ao Bahia Notícia, a titular da pasta apontou que a “redução da população já era uma tendência vista para os grandes centros, além do impacto de questões relacionadas a interiorização, violência e redução da natalidade.
“Se você olhar o número de pessoas a gente reduziu em cidade 200.000 habitantes. Então é uma informação muito delicada para a gente tratar sem fazer uma análise muito profunda. Tem várias questões que contribuem para isso, interiorização, redução da taxa de natalidade. Essa redução da população já era uma tendência vista para os grandes centros de tempo. Tem a questão da violência e outros vários fatores”, explicou Paes.
Mila comentou também que as novas relações e formatos de trabalhos, podem ter influenciado na redução populacional.
“Olhando para um lado otimista, isso pode ter sido ocasionado com essa flexibilização das relações e da forma de trabalho. Essa coisa do trabalho remoto por exemplo fez muita gente mudar de domicílio. Por conta de trabalhar remotamente não necessariamente precisa morar em Salvador, mas pode morar em Lauro de Freitas, Praia do Forte, pode e em outras regiões próximas”, relatou a secretária.
Veja entrevista completa:
Qual o balanço do desenvolvimento econômico de Salvador neste primeiro semestre de 2023">
A gente vem trabalhando diversas ações, pois de fato o desafio do desenvolvimento econômico de Salvador exige várias frentes. Não temos um único caminho para gerar emprego e desenvolvimento. Então precisamos trabalhar várias frentes de atuação que é hoje um pouco do que a gente vem fazendo. Temos algumas frentes importantes para conseguir ter os resultados que a gente vem alcançando. Neste primeiro semestre fomos a capital do Nordeste que mais gerou emprego nos últimos dois meses. Ficamos um pouco atrás de Fortaleza, mas estávamos ali numa disputa bem próxima. A gente vem tendo uma uma geração de emprego formal dentro mais ou menos do que acontece todos os anos nesse período do ano. O setor de serviço de saúde e educação principalmente, temos percebido um percentual maior de presença nos novos empregos gerados. [...]. Tem o turismo como uma das alavancas desse o comércio de serviço também. A gente tem trabalhado desde o início da gestão e da criação da secretaria, buscando uma diversificação sustentável dessa matriz econômica da cidade para a nossa base econômica.
Um dos problemas que impactam uma geração maior de empregos é a questão da capacitação. Em maio deste ano a SEMDEC criou a nova trilha do “Treinar Para Empregar” e também o “Salvador TEC” que traz também a inclusão digital. Esses programas seriam possíveis soluções e estratégias para a capacitação, inclusão digital e mais novos postos de trabalho">
O Salvador Tech é uma plataforma, um programa que veio com esse olhar de desenvolver talentos, ou seja, um pilar importante dessa matriz econômica de atrair empresas de base tecnológica para Salvador, da área de audiovisual, indústria criativa e etc. A gente sabe que precisamos ter talento na cidade para que a gente possa também atrair. [...] O programa está olhando para esse universo de oportunidades, então a gente oferece ali um conjunto de cursos gratuitos de conexão com empresas de tecnologia que capacitam ou que querem empregar pessoas da área tecnológica. É uma grande plataforma que não só oferta cursos, mas que também conecta essas pessoas com oportunidades na área de tecnologia. Vamos abrir 6.000 vagas de diversos cursos que vão de marketing digital até coisas mais complexas de programação e de conteúdos digitais. É um grande universo de oportunidade também para essas pessoas que hoje buscam se inserir no mercado ou desenvolver um negócio. Salvador Tech é um programa que olha para essas oportunidades na área tecnológica. Ele forma e oferece cursos gratuitos para quem tem interesse e gostaria de se inserir nesse universo da tecnologia.
Em maio deste ano, o IBGE apontou que a taxa de desemprego em Salvador foi de 16,7% no 1º trimestre. O percentual de desocupação na capital baiana foi o maior entre as capitais brasileiras pelo quarto trimestre consecutivo, desde 2022. Além disso, uma grande taxa de desocupação foi registrada na cidade, que ficou atrás apenas da região metropolitana de Recife. Os dados em relação ao Nordeste são bons, mas em relação ao resto do Brasil sofre uma deflação. O que levou a esses números? Por que mesmo diante de tantas ações e iniciativas a cidade ainda enfrenta essas taxas?
Especificamente no mês de maio o número de desemprego foi muito impactado por uma redução do setor de construção civil. A gente teve uma perda de quase mil empregos só na construção civil e esse era um dos segmentos que estavam mais aquecidos. Só que é um setor que tem um comportamento muito volátil. Então do mesmo jeito que às vezes ele dá picos em meses anteriores, ele não gera pois tiveram muitas vezes lançamentos imobiliários que coincidiram naquele mês. Existem também obras que se encerram muitas vezes, você dá azar de várias obras se encerrarem no mesmo mês. É um setor muito volátil de contratações e demissões. O que aconteceu especificamente no mês de maio é que concentrou ali um volume de de movimentação negativa deste segmento. Isso acabou afetando até outros setores que foram bem positivos, no diagnóstico do mês de maio.Talvez isso tenha sido noticiado também porque estávamos na expectativa crescente, liderando e de repente a gente virou e ficou atrás de Fortaleza. [...] Então não é algo assim que eu diga que tenha que acender uma luz vermelha na secretaria. A gente vem acompanhando isso e percebendo um crescimento sólido nos setores em que a gente vem investindo, além de comportamentos normais de outros setores que é o caso dessa questão específica do mês de maio.
Foto: Priscila Melo / Bahia Notícias
A Semdec ano ado estabeleceu um novo edital do PIDI, que concedeu incentivos fiscais de até 50% do valor investido através de um Certificado de Compensação Tributária (Cidei), visando atrair o setor privado para a realização de investimentos em três regiões da cidade: orla da Barra; Centro Histórico, Santo Antônio e Comércio; e Boa Viagem, Ribeira e Bonfim. Foram 500 milhões investidos no PIDI. Quais foram os resultados obtidos com o este novo edital? O programa pode ser ampliado para outras áreas da cidade também?
O PIDI é um programa de incentivo a investimentos em três regiões da cidade: Barra, centro histórico e península de Itapagipe. Ele é um instrumento regido por lei que tem poligonais definidas por lei também de onde você pode aplicar. Esse instrumento é muito poderoso e recentemente a gente tem até uns pedidos de análise. A gente desenha um edital aberto que fica vigente e a empresa privada que está querendo estudar um empreendimento ali analisa as regras do edital e a qualquer momento você pode protocolar na SEMDEC um pedido para ser inserido no edital e ele devolve para o investidor privado até 50% do capital investido naquele empreendimento. Só que em vez dele devolver em dinheiro, ele devolve em Cidei. Então a pessoa recebe um certificado que é como se fosse um dinheiro e você abate de impostos que a pessoa tem com o município.
Mesmo com um certo avanço na área de negócios, empreendedores de Salvador ainda enfrentam burocratização na abertura de empresas e desenvolvimento econômico na cidade. Como e com quais medidas é possível estimular mais o ambiente de negócios na cidade?
Vamos lançar no início de agosto um grande programa, além do “Empreenda” que é um programa de empreendedorismo. A gente trabalha muito forte essa questão do ambiente de negócios, de como podemos melhorar esse ambiente de negócio. Temos ações concretas desde simplificar processos e criar estruturas que você possa pegar na mão desse empreendedor e ajudá-lo, como é o caso do Sac do Empreendedor. Implementamos uma estrutura física que fica no mercado de São Miguel na Barroquinha. Uma central de atendimento ao empreendedor tudo que você pensar de demanda o empreendedor ele consegue resolver lá. Temos lá atendimento de todas as secretarias que tem uma interface com o empreendedor ou seja ele formal ou informal. Tem Semop, Sefaz para tirar dúvidas e resolver questões tributárias ou de negociação. [...] São formas de melhorar o ambiente de negócios em Salvador para esse universo de empreendedores. A gente está estudando a possibilidade de ter uma um segundo Sac do Empreendedor em outros bairros.
O último Censo do IBGE apontou uma retração de quase 10% na população soteropolitana comparado ao censo de 2010. Essa questão tem alguma relação com o quesito da renda na cidade que ainda está inferior a outras capitais brasileiras? Ou ao número de oportunidades de postos de trabalho?
Essa análise mais profunda e detalhada está em andamento, do motivo dessa perda relevante de 9,8% de habitantes. Nós já temos vários fatores. A gente tem uma análise preliminar que tende a nos levar a algumas conclusões. Mas, para não ser muito precipitada, estamos aguardando alguns outros dados que o IBGE ainda não divulgou que pode complementar e de repente até alterar um pouco essa visão. Quando a gente analisa percebemos que teve um acréscimo na população da região metropolitana de Salvador. Isso nos leva a crer que sim, houve um movimento de pessoas saindo de Salvador para essa região metropolitana. Isso pode ter sido potencializado e fortalecido por fatores diversos. Olhando para um lado otimista, isso pode ter sido ocasionado com essa flexibilização das relações e da forma de trabalho. Essa coisa do trabalho remoto por exemplo fez muita gente mudar de domicílio. Por conta de trabalhar remotamente não necessariamente precisa morar em Salvador, mas pode morar em Lauro de Freitas, Praia do Forte, pode e em outras regiões próximas. Porém, só isso só não explica essa redução. Se você olhar o número de pessoas a gente reduziu em cidade 200.000 habitantes. Então é uma informação muito delicada para a gente tratar sem fazer uma análise muito profunda. Tem várias questões que contribuem para isso, interiorização, redução da taxa de natalidade. Essa redução da população já era uma tendência vista para os grandes centros de tempo. Tem a questão da violência e outros vários fatores que podem ter influenciado essa saída, essa redução da população de Salvador. Entendemos que precisa de um fomento, a gente está em uma cidade que tem um volume aí até interessante de PIB, mas que o PIB per capita é muito pequeno, então independente desse número do IBGE, precisamos aumentar a base econômica da cidade de Salvador. Os números mostram que a gente precisa crescer e o olhar da secretaria é muito em relação a isso. [...] Temos a missão de crescer a base econômica para que a gente não só não perca a população, pois isso me preocupa menos, mas que a gente possa crescer a remuneração de quem está aqui. Gerar mais oportunidades para quem fica, pois esse movimento talvez de sair dos grandes centros é algo que independe às vezes até da questão das oportunidades. Porque as outras cidades de médio porte também estão crescendo em oportunidade. Vamos lançar agora em agosto o Invista Salvador. Um programa que futuramente será uma agência de atração de investimentos, o que esse programa faz além de apresentar uma Salvador para o mundo, ele diz que para se investir em uma cidade boa, para ar boas férias boa que é o cérebro é principalmente ganhar dinheiro. Para trazer negócios e investimentos.
Qual a meta e a expectativa de números de postos de trabalho que vocês têm em mente para o resto de 2023?
A gente tem que ser a primeira capital do Nordeste e estar entre as cinco do Brasil. Acho que dentro do planejamento estratégico temos que ser a primeira capital em geração de emprego. É o nosso planejamento estratégico publicado e divulgado pelo prefeito.