Em meio a recordes negativos, Marighella faz reflexão sobre reprovação do governo Lula: “Resultados levam tempo”
A atriz, gestora cultural e atual presidente da Funarte, Maria Marighella, voltou a comentar os desafios do governo Lula, dessa vez refletindo sobre a razão da desaprovação ao presidente em meio aos avanços que atribui à atual gestão. Em entrevista ao Bahia Notícias, Marighella ressaltou que, embora o governo tenha se estruturado com conquistas institucionais e relevância internacional, ainda há um distanciamento entre as mudanças implementadas e a percepção prática da população.
Segundo ela, o problema não está apenas em uma eventual falha de comunicação. “A comunicação sempre leva a culpa, mas eu acho que, mais do que isso, existe um sentimento coletivo de que essas mudanças ainda não são sentidas na vida das pessoas”, avaliou.
A gestora destacou que processos políticos e de políticas públicas exigem tempo para gerar resultados, e que o governo enfrenta o desafio de entregar respostas dentro de prazos curtos impostos pelos ciclos eleitorais.
“A política, como vida coletiva, tem essa dimensão de processo. Eu gosto de pensar a ideia da democracia como um arado, como um plantio. Todo mundo sabe que, para colher, você precisa de tempo”, disse Marighella.
Ela reconhece que há uma “luta contra o tempo” e aponta que o governo precisa conciliar dois ritmos distintos: o da construção institucional e o da urgência istrativa. “Existe o tempo da política e da política pública, que é de processo, e o tempo da gestão, que é de quatro anos. A questão é como dar velocidade a algo que, por natureza, se dá no tempo.”
Marighella também apontou que o cenário de disputa informacional contribui para o cenário de desaprovação. “Ainda operamos em redes velozes, com produção de mentiras que vão retirando do espaço público o conteúdo comprometido com a verdade e com os dados”, disse, referindo-se à persistência das fake news e à atuação da extrema-direita, que, segundo ela, segue ativa mesmo após a derrota nas urnas. “Nós ganhamos uma eleição, mas os problemas que o Brasil enfrenta estão longe de se completarem.”