Basquete, vôlei, trabalho com a SAF e mais: Emerson Ferretti detalha projetos e desafios para 2025
Presidente da Associação do Esporte Clube Bahia, Emerson Ferretti concedeu entrevista exclusiva ao Bahia Notícias para falar sobre os principais temas relacionados ao clube, que agora vive caminhos distintos do futebol. Entre os assuntos tratados na entrevista, novos esportes, manutenção das atuais modalidades e prestações de contas da SAF foram os mais abordados pela reportagem.
Foto: Igor Barreto / Bahia Notícias.
Emerson começou realizando uma avaliação do primeiro ano do clube associativo pós-closing do negócio com o Grupo City, que comanda o futebol do Tricolor. “Foi um ano bastante desafiador por ser a primeira gestão pós-closing com a entrega do futebol ao Grupo City. A gente precisou iniciar um trabalho, ainda estamos iniciando um trabalho para além do futebol, dando vida a esse Bahia, que antes era um clube que só tinha futebol e que agora não tem mais futebol e que precisa ter vida de outras formas”, disse Ferretti.
O presidente destacou os principais objetivos que a nova gestão precisou organizar para dar início ao trabalho. “Entramos primeiro para entender isso tudo, entender a relação com a SAF e com o Grupo City, que é uma das nossas funções e responsabilidades, de fiscalizar esse contrato e o trabalho que está sendo feito na SAF, mas também de começar a estudar o cenário das outras modalidades esportivas, para que o Bahia pudesse iniciar o trabalho que seja perene e que se mantenha além da gestão atual e que sirva de base para que o Bahia se torne uma potência olímpica, nesse primeiro momento na região nordeste, esse é o grande objetivo”, continuou.
Foto: Igor Barreto / Bahia Notícias.
Emerson ainda falou que o primeiro ano foi mais de estudo para entender como funciona o meio esportivo local. “Foi um ano de muita conversa e muito estudo com muita gente para entender como é o esporte aqui da Bahia nas outras modalidades, conhecendo as outras que fazem o esporte local, para fazermos escolhas já que neste momento não podemos abraçar todos os esportes”, concluiu.
Dos esportes já desenvolvidos pelo clube, o presidente confirmou a manutenção das quatro modalidades para a temporada de 2025: “A gente conseguiu iniciar quatro modalidades: o rally, com o título baiano; o futevôlei, que ficamos em 4º lugar na liga nacional; a corrida de rua, que foi um sucesso com mais de 3 mil tricolores nas ruas; e também o MMA, que já fizemos uma seletiva para montar a equipe do Bahia. Essas quatro modalidades já são uma realidade e serão mantidas para 2025.”
Projetando um trabalho mais a fundo no esporte baiano, o clube pretende atrair jovens atletas criando uma espécie de “categoria de base” para o desenvolvimento de jovens e adolescentes no clube.
“No futevôlei estamos estruturando um projeto de escolinhas do clube para serem implementadas. Na corrida de rua já temos duas programadas para esse ano e o MMA, provavelmente até abril teremos um novo evento de MMA aqui em Salvador”, declarou.
“Em outras modalidades já estamos com projetos prontos já em fase de captação de patrocínio para que a gente possa ter viabilidade econômica”, completou.
Foto: Igor Barreto / Bahia Notícias.
Um dos principais clamores da torcida para com a associação é a criação de uma equipe de basquete para que o Bahia dispute a principal competição nacional da categoria, o Novo Basquete Brasil (NBB). Emerson revelou ser um desejo do clube também, que já houve tratativas, mas que, neste momento, o Bahia esbarra no fator financeiro.
“Um dos grandes limitadores nossos é o fator financeiro. O Bahia Associação não é um clube rico. Então, tem limitações financeiras e o basquete adulto, esse basquete que se joga na NBB é um esporte que realmente precisa ter um investimento bem grande. A vontade de estar na NBB existe, eu já tive duas reuniões na NBB para tentar entender essa possível entrada do clube e as condições que precisam para entrar. Tudo depende da captação de patrocínio e de verba. Seja através de leis de incentivo ao esporte ou de patrocínio direto para poder montar a equipe de basquete e estar disputando a NBB. O desejo existe, os contatos já foram feitos e para ser bem sincero, falta o dinheiro para pôr isso em prática”, revelou o mandatário.
Outro esporte queridinho da torcida, o vôlei, é mais um que está sendo desenvolvido pelo Bahia. No primeiro momento, o clube vai investir somente no vôlei de praia, abrigando ambos os gêneros e fazendo uma prospecção de talentos desde o Sub-15. Além disso, Emerson revelou já ter um projeto pronto para o vôlei de quadra ser desenvolvido no clube.
“Vamos iniciar o vôlei de praia em fevereiro, já estamos finalizando os últimos ajustes para poder iniciar as atividades com o vôlei de praia. Estamos com um projeto pronto para o vôlei de quadra e vamos iniciar as atividades, num primeiro momento com os times de base, mas com a ideia de chegar e disputar uma competição profissional, queremos chegar à Liga Nacional. Num primeiro momento a Liga C, pois temos que começar por baixo, mas já estamos com o projeto pronto e conversando com patrocinadores… E eu acho que em pouco tempo a gente já deve iniciar as atividades, tanto no feminino quanto no masculino, assim como o vôlei de quadra, que vamos ter os dois gêneros”, disse.
“Todas as categorias. A ideia é, já neste ano, disputarmos o circuito nacional e ter todas as categorias de base: Sub-21, Sub-17, Sub-15. E aí é fazer a prospecção de novos talentos aqui e a gente imagina que vai acabar mexendo um pouco no cenário dos jovens e adolescentes que gostam do vôlei de praia e vão ter oportunidade de se mostrarem e serem escolhidos pelo Esporte Clube Bahia. Mas a ideia é ter todas as categorias e iniciá-las já este ano”, afirmou.
“Estamos andando, mas sempre com os pés no chão, pois é como eu falei no início: estamos com a responsabilidade de montar uma base olímpica, com projetos que se sustentem a médio e longo prazo, nada de curto prazo. Para montarmos uma base forte, um alicerce olímpico forte, a gente primeiro precisa estudar bem para dar os os certos”, completou.
Foto: Igor Barreto / Bahia Notícias.
Ferretti também falou sobre a possibilidade de firmar uma parceira com o Comitê Brasileiro de Clubes, o CBC, para o desenvolvimento de outras modalidades dentro do clube.
“O Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) é uma instituição que está dentro do sistema nacional de esportes, ele recebe recursos públicos para serem distribuídos para os clubes esportivos que são formadores de atletas olímpicos. Então ele é o principal fomentador do esporte olímpico brasileiro. Já que os clubes fazem esse trabalho, ele é o principal fomentador. Então uma das primeiras ações que a gente fez foi simplesmente filiar o Bahia ao CBC, já que o clube não era filiado. E a gente tem uma relação muito próxima, o CBC realmente tem essa capacidade de transferir receitas que transformam a realidade dos clubes, o Flamengo é um deles. Logicamente que existem requisitos a serem preenchidos e como o Bahia está iniciando um programa olímpico, estamos apenas engatinhando, vamos dizer assim, mas muito em breve a gente já vai ter condições de ter esses recursos do CBC, como qualquer outro clube brasileiro que preencha os requisitos”, explicou.
Emerson revelou uma possível parceira futura com o CBC para a criação do Boxe do Bahia, aproveitando que a Bahia é um dos polos que mais fornecem atletas olímpicos para o país na modalidade.
“A gente já tem uma conversa mais estreita com o CBC no sentido de investir em uma modalidade que é muito forte aqui e que é um desejo do CBC de fomentar essa modalidade, e aqui temos os talentos, que é o boxe. Há uma conversa mais próxima de fazer esse trabalho em conjunto nessa modalidade que é o Boxe do Bahia, que ainda não iniciou, mas que existe essa vontade mútua de desenvolver o Boxe aqui na Bahia”, declarou.
Confira outros pontos abordados na entrevista:
Como tem sido as prestações de conta da SAF?
Temos uma série de obrigações mútuas no contrato, isso a gente tem acompanhado de perto, todo o trabalho que a SAF faz e todas as obrigações do contrato precisam ser respeitadas. Entre elas a prestação de contas, principalmente para mim, que sou membro do conselho de istração da SAF, mas está tudo dentro do previsto, dentro do programado. Nos primeiros anos é normal ter mais investimentos que receitas na SAF, já estava previsto e é natural. Tudo está dentro do que o contrato reza.
Como anda as conversas para a criação das sedes (esportiva e cultural) do clube?
Ambos os projetos estão em andamento e ambos dependem do setor público e de recursos públicos, e isso infelizmente não anda tão rápido como a gente imagina. Mas em ambos já demos início, mas ainda não estão formatados. Mas a gente continua trabalhando em cima. A ideia é ter uma sede cultural no Pelourinho para realizarmos projetos sociais e culturais e também a nossa casa, nosso centro olímpico, para termos os nossos atletas e as nossas equipes treinando.
Existe uma parceria entre o clube e os poderes públicos?
Num primeiro momento a conversa foi no sentido de que o trabalho do Bahia associação é investir nos esportes olímpicos e isso não precisa nem dizer a prefeitura e ao Governo do estado o quão importante e transformador isso pode ser. O Bahia entrando com força nessas modalidades, acredito que acaba estimulando outros clubes a fazerem o mesmo. Os talentos baianos acabam tendo um clube aqui para se desenvolver e não precisar sair da Bahia para poder continuar a carreira. Esse é um dos grandes objetivos, ter um clube aqui para poder absorver esses talentos e fazer com que a Bahia comece a ser um polo de retenção e não de exportação de atletas. Eles entenderam e logicamente, dentro das possibilidades de Governo e Prefeitura, se colocaram à disposição para ajudar, mas efetivamente ainda não temos nenhum projeto em conjunto a não ser os dois que falei: Centro Cultural a gente tem dialogado muito com o Governo do Estado e o Centro Esportivo com a Prefeitura.
Pôquer aparece como uma nova modalidade no clube?
A gente também está com um projeto de pôquer, que foi agora em novembro reconhecido como esporte da mente, assim como o xadrez. Então deixa um pouco de ser marginalizado. E a gente está também montando um projeto e quando falamos em pôquer a gente descobre um mundo que já é bem difundido e com muitos adeptos.
Existiu alguma possibilidade do clube desenvolver o E-Sports?
Pensamos desde o início, mas, no contrato com o Grupo City, essa responsabilidade de exploração ficou com o Bahia SAF.