Mr. Bobby diz que 'Ui, que Bruxaria é Essa">
Hit no YouTube com o clipe da música “Ui, que Bruxaria é Essa?”, gravado em plano sequência na arela da Estação Mussurunga, Mr. Bobby quer deixar de ser conhecido apenas pela “música da arela” e atrair o público com novas produções. Em entrevista ao Bahia Notícias, ele conta como decidiu fazer o vídeo (“a música já é besta, a gente tinha que sofisticar ela com um clipe ousado e de uma forma única, usando câmera de mão”), sobre o uso da internet como plataforma de alavanca para o sucesso e a Lei Antibaixaria.
Bahia Notícias: Como surgiu a ideia de gravar um videoclipe e postar no YouTube?
Bobby: A gente estava ando por uma fase crítica, porque o grupo tinha sofrido um acidente – isso foi em novembro – e ou pela minha cabeça acabar a banda, porque tinha uns meninos internados. Na véspera do Natal, eu fui para uma festa e estava a maior febre do “ui” e aí eu e meu irmão ficamos fazendo “ui, ui, ui”, brincando. Quando eu cheguei em casa, na madrugada mesmo, eu fiz. Tanto que a música é besta. Foi rapidinho que a gente fez a música e gravou um vídeo e colocou na internet. E aí, esse vídeo começou a circular entre os amigos e a galera pedindo para gravar essa música e aí eu disse: “sabe de uma, eu vou gravar esse música”. Aí eu paguei o estúdio, paguei ao menino, paguei gravação, do meu salário e gravei a música.
BN: Antes de vocês estourarem na internet, a banda já existia de forma profissional? De fato, vocês eram uma banda?
Bobby: Isso. Já existia a banda, só que a banda ainda não estava efetivamente no mercado. Era como se fosse um hobby. A partir desse clipe foi que a banda começou, realmente, a aparecer.
BN: E como foi a ideia do clipe na arela da Estação Mussurunga?
Bobby: É isso. A gente gravou a música. Só que a gente falou “pô, a música é besta, velho. O que é que a gente tem que fazer pra essa música estourar?”. E aí a gente decidiu pesquisar. Meu irmão já trabalhava com vídeo e a gente decidiu pesquisar coisas que tivessem sido pouco utilizadas aqui dentro do Brasil, em clipes. Aí nós pesquisamos, pesquisamos e a gente se deparou com o clipe em plano sequência. E a gente decidiu fazer em sequência. E aí, a gente começou a se questionar aonde íamos gravar isso. E aí, num lapso mesmo, eu acordei de manhã e falei: “pô, arela, véi!”. Porque arela são três retas: a da subida, a de atravessar e a de descer. Então, a física já tinha casado com o plano de sequência. E depois a gente foi pesquisar a mais longa e com menos fluxo. Fomos no Google Maps, pesquisamos e vimos a arela da Estação Mussurunga. E nós escolhemos no sábado porque dia de sábado de manhã não tem trabalhador atravessando a arela.

BN: Chegando lá, como foi a gravação? De fato a arela estava vazia... Como foi?
Bobby: Nós fizemos a seleção de figurantes no Facebook e no dia estava chovendo muito. 5h da manhã, na hora que eu estava acordando, o sócio me ligou querendo saber se a gente ia gravar mesmo debaixo daquela chuva. Aí eu falei: “rapaz, é hoje e se isso está acontecendo, tem algum motivo”, porque eu tenho muita fé, eu acredito muito em Deus. Acaba que tinha mais de 200 pessoas selecionadas pra poder ir para lá, ia ser um lance bem louco mesmo, naquela arela, umas 200 pessoas ando. Só que aí, no dia, choveu e a galera não foi. Acabou que não tinha ninguém. Só eu e Nilo, que é o outro cantor e Felipe, meu irmão, que filmou. Aí o jeito foi a gente pegar os meninos lá da rua mesmo e colocar na van para levar pra lá.
BN: Você disse que nada é por acaso. Ajudou em que o fato de os 200 figurantes não ter comparecido?
Bobby: Depois a gente ficou pensando que, se a arela estivesse cheia, por questões de segurança, poderia ter acontecido algum acidente, alguma coisa, ainda mais que estava chovendo. E tem mais: a chuva e o tempo nublado serviram de filtro para não ter sombra, porque o clipe todo é na mesma iluminação. Então, tudo veio a calhar realmente e eu só tenho o que agradecer a Deus.
BN: Quando vocês viram o resultado e postaram o vídeo na net, vocês imaginaram que seria esse sucesso?
Bobby: O intuito, de verdade, foi o de quebrar paradigmas. Sair desse padrão de praia, de mulher gostosa dançando, de homem em carrão. E também, a música já é besta, a gente tinha que sofisticar ela com um clipe ousado e de uma forma única, usando câmera de mão. Tanto que foi meu irmão quem filmou, não teve steadicam, carrinho, nem nada. Foi meu irmão filmando com a máquina dele de fotografia e um menino segurando pela mochila. E o grande mérito do clipe foi que ele conseguiu a estabilidade da câmera.
BN: Muita gente critica o gosto dos baianos para a música e alegam que baiano gosta de qualquer porcaria, por conta das letras do pagode, pelo “mau-gosto”, e até do axé, que dizem que só tem “levanta a mão, sai do chão”. Você acabou de dizer que fez uma música besta e a canção virou hit. Então, você concorda que o baiano não tem o gosto muito apurado e que ele absorve qualquer música?
Bobby: Na verdade, foi como eu falei: a música é besta, mas não agride ninguém como essas que tem aí e que batem de frente com a Lei Antibaixaria. Foi uma música oportunista. Essa coisa do “ui” estava em evidência e nós fomos oportunistas: nós pegamos o que já estava na boca do povo, virtualmente, e gravamos a música. Foi questão mesmo de oportunidade. Esse foi o pontapé inicial para a banda aparecer. Mas quem acompanha e escuta nosso CD percebe que tem músicas de conceito, tem músicas que falam de Deus, tem música para todos os públicos. Então, eu acho que tem muitas pessoas que fazem sucesso na internet pela sua qualidade, realmente.

BN: Que dica você daria para alguém que quer ter seu vídeo estourado na web?

Bahia Notícias: Como surgiu a ideia de gravar um videoclipe e postar no YouTube?

