Conexão Baía: Já imaginou descobrir os segredos dos golfinhos da BTS?
Pois é. Eu já. Conversando com Tais Bemfica, uma amiga que é bióloga e que tem mais 20 anos de experiência com cetáceos, eu (@mayarapadrao) descobri que avistar e observar golfinhos por aqui é um sonho super possível de realizar.
Sou meio desligada de efemérides, mas graças ao post de outra amiga ambientalista, fiquei sabendo - com um pequeno delay - que ontem, dia 12/09, foi Dia Mundial dos Golfinhos. Desses animais que são arquétipos da alegria e da fofura e que, muito além disso, talvez sejam os mais incrivelmente inteligentes (usando o parâmetro sapiens, o que talvez não seja tão justo com eles).
Para começar, o cérebro de um golfinho é maior que um cérebro humano adulto e ainda mais fascinante é sua estrutura. Eles têm uma grande proporção de córtex, que é a parte do cérebro responsável pelo raciocínio, resolução de problemas e comportamentos. Realizam tarefas complexas, demonstram empatia e desenvolvem relações sociais.
Como todo esse carisma, é natural que queiramos estar próximos e interagir com eles. Ignorando os impactos negativos que estas interações podem causar, mergulhei e nadei com eles algumas vezes no México e, sem dúvida, foi uma das emoções mais especiais que já senti na vida. No entanto, por mais inofensiva que pareça, a comercialização desta experiência turística interfere gravemente rotina deles, desde os padrões de caça até a forma que se comunicam. A constante presença humana, sobretudo em cativeiro, pode causar estresse, desorientação e mudanças comportamentais.
No Brasil, o mergulho com cetáceos é proibido por lei desde 1987 para garantir sua preservação e seu bem-estar. Mas isso não quer dizer que não possamos nos aproximar de uma maneira saudável. Taís (a amiga bióloga do início do texto) acredita que podemos desenvolver o turismo de “Observação de Golfinhos na BTS”. Talvez agora você esteja fazendo a mesma cara de espanto ou de surpresa que eu também fiz ao ouvir isso. Mas, sim, é possível. E aqui está o grande ponto: por que ainda não exploramos essa ideia? Já tinha ouvido alguns relatos de pescadores e remadores sobre esses encontros, mas não fazia ideia de que podemos fazer organizar “safáris” com esta finalidade, assim como já fazemos com as baleias. A vantagem é que eles podem ser encontrados durante um período maior do ano, e não apenas numa temporada específica, como acontece com as Jubartes.
Segundo Tais, o boto cinza é uma espécie de golfinho que é popular no litoral brasileiro, e na Baía de Todos-os-Santos. Costumam dar saltos e formar grupos grandes, de até 200 animais. “Os botos ocorrem em muitos outros locais do litoral baiano, desde Caravelas a Praia do Forte. Na BTS, os animais ocorrem em toda sua extensão, concentrando-se em locais com abundância de cardume de peixes, como o canal de entrada da baía”. Ela também destaca que é preciso muita responsabilidade e qualificação para que a experiência seja valiosa tanto para as pessoas quanto para o meio ambiente.
No meu papel instigador por aqui, fica a pergunta: por que ainda não começamos? Apoiadores, poder público, ONGs, iniciativa privada já podem se habilitar.
Um beijo, até a próxima sexta e, para saber mais sobre a observação de golfinhos na Baía de Todos-os-Santos, e guiabts.com.br
Mayara Padrão