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Festas Literárias por todos os cantos da Bahia

Festas Literárias por todos os cantos da Bahia
Foto: Divulgação

Se a literatura é dada a provocações, gostaria de começar com algumas: Qual a razão de ser de uma festa literária? Por que uma festa literária? Para quem é uma festa literária?

 

Não me ocuparei aqui de responder diretamente a essas questões, a intenção é tão somente provocar. Mas alguns apontamentos são necessários:

 

Primeiro: uma festa literária existe porque ainda não desvendamos todas as mil faces secretas da palavra, só para lembrar Drummond. As festas literárias existem, sobretudo, porque precisamos suprir, ainda que esporadicamente, a carência de produtos e equipamentos culturais gratuitos e íveis. A palavra literária é democrática.

 

Segundo ponto: até para quem julga eventos literários como desnecessários, esses eventos servem de algum modo. Porque algo em meio a todo o burburinho irá afetar a criatura. A arte está para todas as pessoas, a literatura está para todas as pessoas. Toda festa literária é um manifesto vivo enleado pelo público. É o público, ao preencher os espaços, que constrói os enredos e expandem os significados das atividades propostas.

 

Feitos esses dois apontamentos, sigo com as provocações. Nesse ponto, eu poderia dizer “que a gente não quer só comida…”, para lembrar a música de Titãs. Mas, me parece adequado parafrasear Audre Lorde, escritora negra estadunidense, e dizer: a literatura não é um luxo. Uma festa literária não é um luxo, é um direito.

 

Nos últimos dois anos, observamos uma interiorização de eventos literários: festas, feiras, festivais. Isso significa que, ou as pessoas estão cada vez mais buscando esse tipo de entretenimento ou o poder público compreende a ação social e política desse movimento.

 

A interiorização de eventos literários na Bahia tem sido uma estratégia importante para democratizar o o à cultura e promover a literatura fora dos grandes centros urbanos. A descentralização de atividades culturais para o interior do estado busca estimular o desenvolvimento literário, fomentar a troca de experiências e valorizar a diversidade regional. Festivais literários, como a Festa Literária Internacional de Cachoeira (FLICA), a Festa Literária de Aratuípe (FLITA) e a Festa Literária da Ilha de Boipeba (FLIPEBA), têm se consolidado como importantes iniciativas para aproximar escritores, leitores e o público local, criando uma rede de inclusão e difusão da literatura. No âmbito legal, a Constituição Brasileira de 1988, em seu artigo 6º, garante o direito ao lazer como parte dos direitos sociais, enquanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em seu artigo 26, reforça que a educação deve incluir o o a atividades culturais e de lazer como forma de promover a formação integral dos indivíduos, incluindo a apreciação da arte e da literatura. Repito: Uma festa literária não é um luxo, é um direito.  Um direito ao “divino e maravilho”, um direito ao espanto, à sensibilização, ao riso, ao choro... Um direito ao encantamento.

 

A razão de ser de uma festa literária está em provocar nas pessoas novas formas de caminhar ou, até mesmo, levá-las a descobrir outros caminhos possíveis. A razão está quando alguém se sente encantado a ponto de querer ser literatura também, e um querer legítimo de mostrar para o mundo os escritos antes guardados para si. A razão está quando uma criança constata que quem faz arte é gente, assim como ela e os nascidos em Bacurau, Cachoeira, em Aratuípe, em Nazaré, em Boipeba... O contato com a palavra literária nos torna mais sujeitos/as de nós mesmos.

 

É oportuno enfatizar que, projetar, gerir, defender, implantar e nutrir uma festa literária no interior baiano não é das tarefas mais fáceis. E, por isso, é essencial refletirmos sobre a ampliação dos apoios governamentais para a realização desses eventos. Os eventos literários no interior da Bahia desempenham um papel essencial na promoção da cultura e da literatura em regiões muitas vezes à margem dos grandes centros urbanos.

 

Ao descentralizar essas iniciativas, cria-se um espaço de visibilidade para escritores locais, além de proporcionar ao público uma oportunidade de o e fruição da arte literária, em consonância com os direitos garantidos pela Constituição Brasileira e pela LDB. No entanto, para que esses eventos se consolidem e se expandam, é imprescindível um maior apoio governamental, que possa garantir a continuidade e a ampliação dessas iniciativas. O Estado deve fortalecer a infraestrutura cultural e oferecer recursos para que a literatura e as artes se tornem mais íveis a todos, principalmente nas áreas mais distantes. A manutenção de festas e feiras literárias no interior da Bahia é fundamental para contestar discursos elitistas e constatar que quem nasce no interior é gente.

 

Uma festa literária é uma celebração do poder encantatório da palavra, capaz de transformar o cotidiano em magia e nos conectar por meio das histórias. Assim como na música, onde a rima e o ritmo criam uma sinfonia de emoções, a literatura nos envolve, nos faz sonhar e refletir. Como diz a letra de Gilberto Gil, “Rompeu-se a guia de todos os santos/Foi Bahia pra todos os cantos/ Foi Bahia”, e é exatamente isso que a interiorização de eventos literários na Bahia precisa promover: a expansão da cultura e da literatura por todos os cantos do estado. A descentralização desses eventos é fundamental para garantir o e diversidade cultural. Só assim poderemos fortalecer a identidade e a inclusão cultural da Bahia, levando a arte literária a todos os baianos, onde quer que estejam. Afinal, a palavra é um verdadeiro instrumento de libertação e alegria.

 

*Meg Heloise é Mestra em Estudos Literários pela Universidade Estadual de Feira de Santana, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura da Universidade Federal da Bahia- UFBA. É professora da educação básica. Poeta, com textos publicados em diversas antologias, curadora da Festa Literária de Aratuípe (FLITA)

 

*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias