Erika Hilton pede ajuda do Itamaraty em caso de visto aos EUA, mas publicamente chanceler não se compromete
Por Edu Mota, de Brasília
A deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) se reuniu nesta quarta-feira (23) com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para cobrar do governo federal uma posição em relação à atitude da diplomacia dos Estados Unidos em alterar a identidade de gênero dela para “masculino” no visto solicitado para entrar naquele país. O caso foi revelado pela deputada no dia 16 de abril.
Segundo revelou Erika Hilton, ela solicitou um visto para participar de evento nos EUA, e no dia 3 de abril, recebeu seu visto emitido com a classificação de gênero masculino pelo governo norte-americano. Diante da situação, a deputada do Psol recusou-se a utilizar o documento e optou por não embarcar para os Estados Unidos, abrindo mão da participação no evento.
Posteriormente, a Embaixada dos Estados Unidos declarou que o país só faz o reconhecimento de “dois sexos, masculino e feminino, considerando imutáveis desde o nascimento”. A embaixada disse ainda que a decisão atende à norma 14168, baixada pelo governo do presidente Donald Trump.
Ao ministro das Relações Exteriores, Erika Hilton expôs suas críticas ao processo, e pediu apoio do governo Lula para buscar soluções ao que chamou de “absurdo” cometido pela imigração norte-americana. A deputada disse esperar que o Itamaraty possa se manifestar em breve, além de cobrar explicações à Embaixada dos Estados Unidos.
“Que o Brasil continue sendo o gigante diplomático que sempre foi, e o Itamaraty se guie pelo respeito à soberania nacional, ao nosso povo, aos documentos emitidos pelo Brasil e às prerrogativas diplomáticas de parlamentares em missão oficial, pois é intolerável que um país viole os acordos mais básicos da convivência internacional e os próprios registros de uma nação soberana”, disse a deputada Erika Hilton em suas redes sociais.
De sua parte, o Ministério das Relações Exteriores ou mesmo o ministro Mauro Vieira não emitiram nenhuma nota sobre o encontro com a deputada, ou mesmo para informar se tomarão qualquer medida.
Nos bastidores, entretanto, diplomatas já afirmaram a jornalistas que não é possível cobrar que as leis brasileiras sejam cumpridas em território estrangeiro, e que há muito pouco a ser feito pelo Itamaraty nesta situação envolve não apenas Erika Hilton, mas também a deputada Duda Salabert.