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Nova temporada do Bengalas Podcast estreia com debate sobre Longeratividade
Podcast “Vida em Equilíbrio” chega ao Bahia Notícias com foco em bem-estar e transformações pessoais
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Cuidados Paliativos: um direito de todos
Por Lucas Andrade
Falar sobre cuidados paliativos é falar sobre respeito à vida em todas as suas fases, inclusive na final. Evidenciado pela médica britânica Cicely Saunders nos anos 1960 e difundido nos EUA pela psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross, esse conceito trouxe uma nova perspectiva: em vez de focar apenas na doença, prioriza o paciente, oferecendo conforto e dignidade.
Compreender a morte como parte do ciclo natural da vida permite que esse momento seja vivenciado de forma mais digna e humana. Essa abordagem?não se limita ao alívio da dor física, mas também oferece e emocional, psicológico e espiritual aos pacientes e seus familiares, em um ato de empatia e acolhimento.
Em 2024, o Ministério da Saúde estimou que cerca de 625 mil brasileiros precisavam de cuidados paliativos. Diante desse cenário, é crucial implementar ações focadas no bem-estar dessas pessoas, especialmente considerando a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que reconhece?o o aos Cuidados Paliativos como um direito universal.
A experiência mostra que os pacientes que recebem esse tipo de assistência?precocemente vivem melhor e, muitas vezes, por mais tempo. Enfrentam menos dor e ansiedade, o que impacta diretamente sua qualidade de vida.
Um enorme avanço nessa direção foi a recente inauguração do Hospital Estadual Monte Serrat, em Salvador, que oferece de forma inédita, internação especializada?por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Essa iniciativa amplia o o da população baiana aos cuidados paliativos, assegurando que mais pacientes possam receber assistência adequada.
Salvador também é protagonista na iniciativa privada com a Clínica Florence, referência nacional em cuidados paliativos e reabilitação intensiva. Com unidades em Salvador e Recife, a instituição tem indicadores de excelência, como o NPS 88, e, além de pacientes e familiares, recebe estudantes e médicos de toda a América Latina para apreender suas melhores práticas. ?
Há oito anos, a Florence tem sido um marco disruptivo na maneira como pacientes e familiares são cuidados na fase final de vida. Com um modelo assistencial que coloca a pessoa no centro do cuidado, respeitando crenças, valores e preferência, a Florence entrega os cuidados que os pacientes necessitam e desejam.
Para Liliane Longman, antropóloga pernambucana, “a Florence nos inspira e convoca a produzir algo significativo que remeta a prática da compaixão e consequentemente da poesia”.
Desde sua inauguração, em 27 de abril de 2017, a Florence já impactou a vida de mais de 3700 pacientes e familiares, sempre com o mesmo compromisso: dignidade até o último momento. Porque, no fim das contas, cuidado é um direito de todos.
*Lucas Andrade é idealizador e diretor-executivo da Clínica Florence
*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias
Maternidade biologicamente compartilhada
Por Wendy Delmondes
A busca pela maternidade entre casais homoafetivos femininos tem crescido significativamente nos últimos anos com os avanços da medicina reprodutiva. E se antes apenas uma das mães estava biologicamente relacionada à criança, numa relação monoparental, hoje é possível que ambas as mães possam participar ativamente da concepção e do desenvolvimento do recém-nascido, reforçando a ideia de família compartilhada.
O método ROPA (Recepção de Ovócitos do Parceiro), também conhecido como FIV (fertilização in vitro) compartilhada lésbica, consiste em uma técnica de reprodução assistida para casais femininos, na qual uma das parceiras fornece os ovócitos (doadora, provedora de óvulos, parceira doadora ou mãe genética) e a outra recebe o embrião e o gesta (receptora/gestante ou mãe gestacional).
Este método permite a esses casais compartilhar a maternidade biológica , onde uma parceira é a mãe genética e a outra é a mãe gestacional, resultando em um envolvimento ativo de ambas na concepção do filho, nos níveis físico, mental e emocional, sem que nenhuma delas seja mera espectadora. Uma delas fará a estimulação ovariana e a coleta de óvulos, enquanto a parceira realizará a gravidez.
A autonomia das pacientes é um princípio fundamental na escolha do tratamento. A ROPA permite que cada mulher escolha seu papel no processo reprodutivo, respeitando seus desejos e necessidades individuais.
*Wendy Delmondes é médica especialista em Reprodução Humana
*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias
Medicamentos para emagrecer podem causar queda de cabelo
Por Laura Andrade
O uso crescente de medicamentos para emagrecimento tem chamado atenção não apenas pelos resultados rápidos na balança, mas também pelos efeitos colaterais que começam a surgir nos consultórios médicos. Entre eles, destaca-se a queda de cabelo, um problema que tem levado cada vez mais pacientes a buscar orientação especializada. Desde que os chamados agonistas do hormônio GLP-1, conhecidos popularmente como “canetas de emagrecimento”, ganharam popularidade, houve um aumento de cerca de 25% na procura por avaliação de queda capilar em seu consultório.
Muitas vezes, os pacientes perdem peso muito rapidamente e dificilmente associam o início da medicação à queda de cabelo, mas essa relação é bem estabelecida na literatura médica. Trata-se de um quadro clássico de eflúvio telógeno agudo, que ocorre após um estresse metabólico intenso, como dietas muito restritivas ou emagrecimento acelerado. Esse fenômeno é fisiológico e já foi observado em outras situações, como pós-parto, pós-cirúrgico ou em períodos de privação alimentar.
Quando o corpo percebe uma redução drástica de energia, ele prioriza funções vitais e coloca em repouso estruturas consideradas menos essenciais, como os cabelos. O padrão mais comum é a queda difusa, em que o paciente percebe uma perda de densidade dos fios em todo o couro cabeludo, sem áreas totalmente calvas, mas com o cabelo visivelmente mais ralo e entradas.
Embora os estudos clínicos que aprovaram esses medicamentos relatem a queda de cabelo como efeito colateral em cerca de 3% dos casos, Dra. Laura observa que, na prática, esse número é bem maior. Estimo que entre 30% e 40% dos novos pacientes com queixa de queda capilar possam ter como gatilho o uso dessas medicações. O risco aumenta em pessoas com doenças de base, como alopecia androgenética, ou que fazem uso concomitante de reposição hormonal.
A médica esclarece que a queda de cabelo não está relacionada diretamente à ação farmacológica do medicamento, mas sim à rápida perda de peso e às deficiências nutricionais associadas ao processo. As células da matriz dos bulbos capilares é uma das estruturas mais metabolicamente ativas do corpo e, diante da privação energética, são uma das primeiras a sofrer. O organismo entende que, para sobreviver, precisa economizar energia e interromper temporariamente a produção de novos fios.
Para quem pretende iniciar o tratamento com esses medicamentos, o ideal é uma avaliação dermatológica prévia, especialmente para identificar doenças de base que possam agravar o quadro. O acompanhamento nutricional também é fundamental, evitando restrições alimentares severas e períodos prolongados de jejum. É importante monitorar sinais de alerta, como queda de cabelo volumosa, dor ou ardência no couro cabeludo, e histórico familiar de calvície. Caso esses sintomas apareçam, o ideal é procurar um dermatologista o quanto antes.
A boa notícia é que, na maioria dos casos, a queda de cabelo é reversível após a estabilização do peso e a correção das deficiências nutricionais. O processo de recuperação pode levar de nove meses a um ano, especialmente em pessoas com cabelos longos. No entanto, pacientes com predisposição genética podem não recuperar totalmente a densidade capilar anterior ao uso do medicamento.
O uso dessas medicações deve ser sempre feito sob prescrição e acompanhamento médico. A automedicação é perigosa e pode trazer consequências graves não só para a saúde capilar, mas para o organismo como um todo. O emagrecimento saudável deve ser gradual e multidisciplinar, priorizando sempre o bem-estar global do paciente.
*Laura Andrade é médica dermatologista na Clínica Skincare e integrante da comissão científica da Sociedade Brasileira de Dermatologia-BA
*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias
Com a chegada do outono, especialistas alertam para o aumento significativo de casos de doenças respiratórias em bebês e crianças pequenas. O período, marcado pela transição para temperaturas mais baixas e maior amplitude térmica diária, cria o cenário perfeito para a proliferação de vírus respiratórios, especialmente o temido Vírus Sincicial Respiratório (VSR), Influenza e Rinovírus. O clima mais seco compromete as defesas naturais das vias aéreas, como o muco e os cílios que normalmente barram patógenos. Além disso, as pessoas tendem a permanecer mais em ambientes fechados, o que favorece a transmissão viral.
Para os bebês, esse período representa um risco ainda maior. Com sistema imunológico imaturo e vias aéreas naturalmente mais estreitas, os lactentes são particularmente vulneráveis a quadros graves de infecções respiratórias. Mas como diferenciar uma simples gripe de uma bronquiolite potencialmente mais séria? A gripe, causada pelo vírus Influenza, geralmente se manifesta com febre alta, tosse, dores no corpo, dor de garganta, dor de cabeça e mal-estar generalizado. Já a bronquiolite é um quadro inflamatório das vias aéreas inferiores, geralmente causada por vírus, sendo o VSR o mais comum. Os sintomas incluem tosse, chiado no peito, dificuldade para respirar, recusa alimentar e/ou irritabilidade. Em casos mais graves, pode haver queda de saturação de oxigênio, sonolência excessiva e até pausas respiratórias.
O VSR tem ganhado destaque nas discussões médicas por ser a principal causa de bronquiolite em lactentes, com potencial para evoluir com gravidade. Bebês prematuros, com menos de seis meses, ou aqueles com cardiopatias, doenças neuromusculares ou pulmonares crônicas têm maior risco de internação e até óbito. Estudos recentes também associam o VSR a um maior risco de sibilância persistente e asma no futuro. Diferentemente dos adultos, os bebês podem não apresentar os sintomas típicos da gripe. Em vez disso, manifestam irritabilidade, recusa alimentar e prostração. O sistema imune imaturo agrava o quadro, tornando-os mais suscetíveis a complicações como pneumonia, otite, desidratação e até Síndrome Respiratória Aguda Grave.
Para proteger os pequenos dessas ameaças respiratórias é recomendado uma série de medidas preventivas. O aleitamento materno continua sendo uma das principais defesas, fornecendo anticorpos maternos que ajudam a proteger o bebê. Manter o cartão vacinal atualizado, incluindo a vacina contra Influenza, é fundamental.
Uma novidade importante no combate ao VSR é a recente aprovação pela Anvisa de uma vacina materna. Comercializada como Abrysvo (Pfizer), ela é indicada para gestantes entre 32 e 36 semanas de gestação. Esta imunização protege o bebê por meio da transferência de anticorpos via placenta, reduzindo significativamente os casos graves de VSR nos primeiros seis meses de vida. Outras medidas preventivas incluem evitar aglomerações e locais fechados, lavar frequentemente as mãos, manter ambientes bem ventilados e evitar o contato com pessoas gripadas. O uso de máscara por cuidadores que apresentem sintomas respiratórios também é recomendado para reduzir a transmissão.
Quanto aos medicamentos, é importante ressaltar que nem todos são seguros para bebês. Antitérmicos como paracetamol e dipirona, quando prescritos por médicos, podem aliviar a febre. A solução salina nasal ajuda a desobstruir as vias aéreas. No entanto, antibióticos só devem ser utilizados em caso de infecção bacteriana confirmada, e medicamentos como antitussígenos, descongestionantes orais e corticoides sem indicação devem ser evitados. A nebulização, frequentemente utilizada por pais ansiosos por aliviar os sintomas, nem sempre é benéfica. Em casos de bronquiolite viral pura, o uso indiscriminado de broncodilatadores ou corticoides não traz benefícios comprovados e pode até piorar o quadro.
Os pais devem ficar atentos aos sinais de alerta que indicam necessidade de atendimento médico imediato: respiração rápida ou com dificuldade, batimento de asas do nariz, coloração azulada nos lábios ou extremidades, febre alta persistente por mais de 72 horas, prostração excessiva, recusa alimentar, pausas respiratórias ou sinais de desidratação. Com informação e prevenção adequadas, é possível atravessar o outono protegendo os bebês dessas doenças respiratórias que, embora comuns, podem representar riscos significativos para os pequenos. A orientação médica continua sendo indispensável ao primeiro sinal de que algo não vai bem com a saúde respiratória do bebê.
*Leila Borges é especialista em alergologia do Instituto Bahiano de Imunoterapia (IBIS)
*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias
Cuidar é trabalho e precisa ser tratado como tal
Por Marta Castro Luzbel
Feliz dia para quem se desdobra em mil, equilibrando planilhas, receitas médicas e as no fogo. Para quem cuida do outro e quase não tem tempo de cuidar de si.
Feliz dia para os CUIDADORES PARENTAIS.
Essa categoria não tem CLT, nem MEI, nem CNPJ. Mas tem carga horária estendida, dedicação sem férias e um propósito que, muitas vezes, é tão silencioso quanto essencial.
Somos mais do que estatística. Mas os números ajudam a contar o que muitos ainda fingem não ver.
Segundo o IBGE, o número de brasileiros que cuidam de pessoas com mais de 60 anos — sem remuneração — saltou de 3,7 milhões em 2016 para 5,1 milhões em 2019. E adivinhe quem carrega essa missão nos ombros? Mulheres. Em sua maioria. Invisíveis aos olhos do Estado, dos empregadores, da sociedade.
Enquanto isso, o Brasil envelhece. E, com ele, cresce também o mercado de cuidadores remunerados — um aumento de 15% entre 2019 e 2023, segundo a PNAD. Já são cerca de 840 mil profissionais atuando oficialmente no cuidado, número que ainda engatinha diante da montanha de demandas não reconhecidas.
É preciso dizer com todas as letras: CUIDAR É TRABALHO.
E deveria ser tratado com a dignidade, o apoio e a estrutura que qualquer outro trabalho exige. Porque exige tudo: tempo, saúde, dinheiro, coragem.
Na Comunidade Bengalas, somos filhos e filhas que viraram cuidadores. Sem treinamento, sem preparação, mas com muito afeto. E que agora se organizam para transformar essa experiência em movimento, rede, política pública e reconhecimento.
Se o futuro é longevo, o presente precisa ser cuidador. Com visibilidade, acolhimento e soluções reais para quem carrega o cuidado como missão de vida.
--- Bengalas: apoio para quem cuida, leveza para quem vive.
*Marta Castro Luzbel é psicóloga e fundadora da Comunidade Bengalas (@comunidade_bengalas)
Dia Mundial da Voz: saúde vocal em dia para manter a empregabilidade
Por Carolina Pamponet
Durante o mês de abril, quando se comemora o Dia Mundial da Voz, no dia 16, especialistas em saúde vocal ligam o sinal de alerta e fazem um lembrete dos cuidados regulares que precisamos manter com um dos órgãos fundamentais para a nossa qualidade de vida: a laringe. Por ser um dos mais importantes atributos para a socialização e o desenvolvimento profissional, haja visto que 90% das pessoas usam a voz para o trabalho, é preciso dedicar cuidados especiais com esse grande recurso humano, fazendo uso de ações preventivas e procurar um especialista se aparecerem sinais de alteração de todo tipo, assim como a rouquidão e o pigarro.
Manter a saúde da voz é importantíssimo para todos e principalmente para quem a utiliza profissionalmente, como cantores, atores, professores, jornalistas, locutores, atendentes de telemarketing, políticos, advogados, vendedores, palestrantes, empresários, pastores e sacerdotes, por exemplo.
Considerando também que o Brasil é o segundo país do mundo em casos de câncer de laringe, atrás somente da Espanha, é fundamental incluir o check-up vocal na rotina de exames e procurar sempre um especialista para deixar a sua saúde em dia no caso de aparecerem alterações no trato vocal.
É por esta razão que o Dia Mundial da Voz, comemorado em 16 de abril, e cuja celebração foi iniciada no Brasil, em 1999, torna-se tão importante. A data ou a ter expressão internacional, com diversos eventos organizados também nos Estados Unidos, Europa e Ásia, a partir de 2003.
Principais recomendações para manter a saúde da voz:
Entre as principais recomendações para proteger a laringe estão fazer uma boa hidratação com água em pequenos goles ao longo do dia; falar em tom moderado e confortável e o mais próximo ao ouvinte para evitar competição sonora; evitar conversas em ambientes ruidosos e quadros gripais e, com isso, esforço vocal, sussurros e gritos; manter uma postura ereta, flexível e livre de tensões; usar roupas confortáveis que não comprimam o pescoço e o abdômen; evitar o fumo e a ingestão de bebidas alcoólicas; manter-se distante de poeira, mofo, pelos de animais e odores fortes, bem como evitar o ventilador e o ar condicionado direcionado ao rosto; além de alimentar-se de forma leve e balanceada; praticar atividades físicas; e dormir uma quantidade de horas que seja suficiente para descansar todo o organismo.
Para aqueles que fazem uso profissional da voz, é importante ingerir uma maçã antes da atividade laboral do dia, pois a ação adstringente da fruta limpa o trato vocal e sua mastigação exercita a musculatura responsável pela articulação das palavras, realizar exercícios de aquecimento e desaquecimento vocal, e fazer repouso oral, de cinco a dez minutos após a sua ocupação.
*Carolina Pamponet é fonoaudióloga clínica especializada em tratamento dos distúrbios da voz falada e cantada e na preparação vocal de cantores de alta performance há mais de 20 anos. É diretora da Fonoclin, primeira clínica especializada de Fonoaudiologia em Feira de Santana (BA), e integra o corpo clínico da Otorrino Center, na capital baiana.
*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias
Abril Verde: Dado preocupante sobre taxa de mortalidade em vítimas de acidentes de trabalho
Por Ana Paula Teixeira
Em menos de quatro horas, uma pessoa morre vítima de situações ou circunstâncias relacionadas à atividade laboral, no Brasil. O dado é do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho (SmartLab), que considera os registros de pessoas contratadas de maneira formal no país. Lideram o ranking de mortalidade os homens jovens de 18 a 24 anos, além de mulheres com faixa etária entre 30 e 34 anos.
Repercutida pelo Superior Tribunal do Trabalho, a taxa se torna um problema alarmante, sobretudo pelo fato de que muitas dessas mortes poderiam ser evitadas com atitudes preventivas simples, como por exemplo a disponibilização e a fiscalização do uso de EPIs. Em vivências como consultora de grandes corporações, costumo alertar empresários - principalmente aqueles que praticam negócios de maior impacto no que tange a segurança dos trabalhadores -, sobre metodologias de prevenção e segurança.
Isso porque, a prevenção é sempre o melhor remédio, em qualquer situação. E, nada melhor do que promover uma reflexão como essa, neste mês que é marcado pelo Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, em 28 de abril – conhecido como Abril Verde. É salutar e urgente o debate sobre este tema, como forma de alertar para os riscos de condutas e práticas de trabalho que não estejam em conformidade com o que a legislação.
Se muitos estão morrendo, enquanto lemos um texto simples e rápido, imagine quantos estão sendo alvos de incidentes que levam a amputação de membros, problemas cognitivos e, até mesmo, que precisam ser afastados do trabalho ou aposentados de forma precoce, pelo INSS. Isso, sem dúvidas, é reflexo da falta de capacitação adequada, ausência de equipamentos necessários para a prática do ofício e falta de supervisão destas atividades.
Bahia ocupa 7º lugar em ranking de acidentes de trabalho
Apesar do quantitativo de mortes ser preocupante, outra questão chama a atenção de consultores e profissionais da área da Medicina do Trabalho: os acidentes ocupacionais que, apesar de não serem fatais, causam impactos significativos na qualidade de vida dos trabalhadores – dificultando, até mesmo, uma recolocação no mercado de trabalho, devido às limitações adquiridas a partir do acidente em questão. O próprio estudo já apresenta agravos e segmenta as ocorrências. De acordo com os dados coletados pela plataforma SmartLab, desenvolvida por meio de uma colaboração entre o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Bahia se encontra em 7º lugar, em relação ao número de acidentes no trabalho, com um total de 17.264 casos.
Os profissionais mais afetados são os técnicos de enfermagem, alimentadores de linha de produção e faxineiros. Fratura, corte, laceração, queimaduras e lesões imediatas são alguns dos principais problemas apontados. Além disso, os acidentes costumam lesionar mais membros como dedos, pés, mãos e joelhos – o que impossibilita ou prejudica o retorno imediato às funções, em virtude de uma mobilidade reduzida.
Para ajudar a prevenir situações como essas e reduzir ou descartar o risco da mortalidade devido ao ambiente de trabalho, separei alguns pontos de atenção, tanto para o empregador, quanto para o empregado. Confira abaixo:
- Investimentos para evitar situações precárias para o exercício profissional;
- Realização de capacitação ou qualificação continuada para atualização dos colaboradores;
- Presença de práticas que corroborem para um ambiente mais saudável e produtivo;
- Avaliação constante dos gestores com relação ao estado físico e psicológico dos seus subordinados;
- Recorrer a consultores e especialistas na área, que possam viabilizar soluções mais assertivas e com menor potencial de riscos à saúde do trabalhador;
- Deixar de impor metas que, muitas vezes, são inalcançáveis;
- Prover o descanso adequado para recuperação do trabalhador, respeitando as leis trabalhistas.
*Ana Paula Teixeira é médica do trabalho, consultora e idealizadora da Escutaris, e especialista em Saúde e Bem-estar.
*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias
Parkinson além do diagnóstico: o que aprendi acompanhando meus pacientes
Por Gabriel Xavier
Todo ano celebramos o Dia Mundial da doença de Parkinson no dia 11 de abril. Para alguns, é apenas mais uma data de campanha de saúde. Mas para quem convive com a doença - seja como paciente, familiar ou profissional de saúde - essa data tem um peso especial. É um lembrete de que a doença de Parkinson não é apenas uma condição neurológica. Ele muda rotinas, desafia famílias e, muitas vezes, transforma totalmente a maneira como a pessoa enxerga a vida.
O Parkinson quase nunca chega fazendo barulho. Os primeiros sinais são sutis: um tremor leve, uma lentidão ao realizar tarefas simples, uma rigidez que vai se instalando, umas quedas sem muita explicação. Em muitos casos, o diagnóstico só acontece anos depois dos primeiros sintomas; o que é um problema, pois quanto mais cedo identificarmos a doença, mais chances temos de controlar sua progressão e preservar a qualidade de vida e independência do paciente.
Se eu pudesse dar um único conselho para quem está começando a lidar com o Parkinson, seria: não pare. Continue se movendo. Caminhe, dance, pedale, nade, respire fundo e mantenha seu corpo ativo. A atividade física é, sem dúvida, um dos pilares mais importantes do tratamento e a única intervenção que mostrou clara redução na progressão da doença.
Com o tempo, claro, é preciso adaptar os exercícios. Nos estágios iniciais, atividades aeróbicas ajudam muito. Quando os desafios aumentam, entram os treinos de força e resistência. Já nas fases mais avançadas é fundamental treinar o equilíbrio e a flexibilidade com práticas como o pilates e a fisioterapia neurofuncional.
Outro ponto que sempre reforço com meus pacientes é o cuidado com a alimentação. Pode parecer clichê, mas devido à constipação característica da doença, garantir funcionamento adequado do intestino é uma diferença enorme na eficácia do tratamento. Atos simples como beber água, comer fibras, e evitar alimentos ultraprocessados auxiliam no bem-estar e garantem uma melhor absorção dos medicamentos pelo intestino.
Falando em medicamentos, eles são, sim, essenciais e obrigatórios. Depois de mais de 50 anos de uso, a levodopa continua a ser o cerne do tratamento e a opção mais eficaz para o controle dos sintomas. Apesar disso, temos uma variedade de agentes antiparkinsonianos que complementam o tratamento, como os agonistas dopaminérgicos, amantadina, inibidores de enzimas que degradam a dopamina, dentre outros.
O que esperar do futuro?
A ciência não para. Todos os dias pesquisas são realizadas pelo mundo com o objetivo de encontrar novas drogas que combatem os sintomas, técnicas cirúrgicas menos invasivas, e soluções que possam, quem sabe um dia, levar à cura. Ainda não chegamos lá. Mas já avançamos muito.
Enquanto isso, seguimos fazendo o que é possível hoje: acompanhando de perto, oferecendo e e buscando o máximo de independência e qualidade de vida possível para quem vive com essa condição.
Se você ou alguém próximo recebeu o diagnóstico de Parkinson, não se desespere. Procure atendimento neurológico, cuide do seu corpo e dos seus hábitos, e lembre-se: não ter cura não quer dizer que não há tratamento, cuidado, e controle dos sintomas.
*Gabriel Xavier é neurologista especialista em Parkinson e distúrbios de movimento e tem Fellowship em Distúrbios do Movimento e Neurologia Cognitiva no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). CRM 26506 l RQE 15169.
Como médica cardiologista, acompanho diariamente mulheres que entram na menopausa sem saber que essa fase pode impactar diretamente a saúde do coração. A queda do estrogênio, hormônio que protege o sistema cardiovascular, aumenta o risco de hipertensão, infarto e AVC.
O estrogênio tem um papel fundamental na manutenção dos vasos sanguíneos, no equilíbrio do colesterol e na sensibilidade à insulina. Com a sua redução, é comum vermos alterações nos níveis de colesterol, maior acúmulo de gordura abdominal, aumento da pressão arterial e maior propensão ao diabetes tipo 2 — todos fatores que comprometem a saúde cardíaca.
É por isso que, ao entrar na menopausa, toda mulher deve fazer um acompanhamento médico regular. Monitorar os níveis hormonais, colesterol, glicemia e pressão arterial permite agir de forma preventiva e proteger o coração.
Em alguns casos, a terapia de reposição hormonal pode ser indicada. Quando bem conduzida, ela ajuda a melhorar a flexibilidade dos vasos sanguíneos e a manter o metabolismo mais equilibrado. Mas reforço: essa decisão deve sempre ser individualizada e acompanhada por um profissional qualificado.
Também oriento mudanças no estilo de vida: adotar uma alimentação rica em antioxidantes, fibras e gorduras boas, reduzir açúcares e ultraprocessados, praticar atividade física regular e cuidar da qualidade do sono e do estresse.
A menopausa não precisa ser sinônimo de risco. Com informação, prevenção e escolhas conscientes, é possível atravessar essa fase com saúde, energia e qualidade de vida. Como médica, meu papel é lembrar você: cuidar do coração é um gesto de amor-próprio — e deve começar agora.
*Dra. Eline Lobo é Médica especialista em Clínica Médica e Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (RQE 10.717), com atuação em Cardio-Oncologia, e Certificação Internacional em Implantes Bioabsorvíveis.
*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias
Ombros Saudáveis: Por que a musculação é fundamental
Por Gyoguevara Patriota
A musculação é fundamental para qualquer pessoa que deseja manter a saúde e a funcionalidade dos seus ombros.
Os ombros são uma região essencial do corpo, responsável por uma ampla gama de movimentos e atividades. No entanto, são também uma região frequentemente sobrecarregada e propensa a lesões. A musculação é uma prática que pode ajudar a prevenir essas lesões e melhorar a saúde e a funcionalidade dos ombros.
Um dos principais benefícios da musculação para os ombros é a correção da postura. A postura inadequada é uma das causas de lesões nos ombros, e a musculação pode ajudar a corrigir isso fortalecendo os músculos que sustentam a coluna vertebral e os ombros.
Além disso, a musculação pode ajudar a reforçar a musculatura dos ombros, o que é especialmente importante para atividades cotidianas e esportes. Os ombros são responsáveis por uma ampla gama de movimentos, desde levantar objetos até realizar atividades esportivas. A musculação pode ajudar a melhorar a força e a estabilidade dos ombros, reduzindo o risco de lesões.
No entanto, é importante lembrar que a musculação deve ser feita de forma segura e eficaz. É fundamental procurar um profissional qualificado para desenvolver um plano de treinamento personalizado e ensinar técnicas de treinamento seguras.
Em conclusão, a musculação é uma prática fundamental para manter a saúde e a funcionalidade dos ombros. Ao corrigir a postura, reforçar a musculatura e melhorar a força e a estabilidade dos ombros, a musculação pode ajudar a prevenir lesões e melhorar a qualidade de vida. Não hesite em procurar um profissional qualificado e começar a praticar musculação hoje mesmo. Mas antes de tudo, e não menos importante, e por uma consulta com um ortopedista especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia do Ombro e Cotovelo (SBCOC) para ter a certeza que você está apto a praticar essa atividade física, sem restrições médicas.
*Gyoguevara Patriota é Ortopedista especialista em cirurgia do ombro e cotovelo (CRM 25681 | TEOT 15131 | RQE 15541)
*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias